Estressada?! Eu?!

Já que não havia jeito então foi contratado um pedreiro para começar a construção. – Já que o problema era a Alice fugir não precisava ser um muro alto, apenas que a impedisse de sair por ai seguindo os cachorros dos vizinhos, ou seja, lá que bicho for.

Logo no primeiro dia ficou marcado no chão onde seria construído o muro. – Toda vez que me pegava olhando para aquela marcação ficava imaginando como ficaria feio. – Estou contrariada e talvez esse seja um dos meus piores defeitos... Odeio me sentir assim e odeio que nada saia como eu tenha planejado.

Não satisfeita com aquele fundo de quintal horroroso resolvi plantar alguma coisa por ali. – Claro que não tenho um pingo de jeito ou de habilidade para fazer tal coisa, mas precisava mesmo de alguma coisa que ocupasse meu tempo livre que por sinal esta bem grande. Peguei algumas sementes que achei durante minhas caminhadas e comecei o meu novo trabalho.

Claro que tinha tudo para meu esforço fosse em vão. – Plantas cheias de ervas daninhas, murchas e sem um pingo de viço por mais que eu cuidasse e me esforçasse nunca era o suficiente.

- CHEGA!! QUE SE DANE TUDO!! Vou arrancar vocês uma a uma e que se explodam! – Eu já estava gritando sem perceber quando escutei uma voz atrás de mim tentando me acalmar

 - Calma ai! Gritando assim você nunca vai conseguir nada. – Virei em direção ao Pablo já a ponto de derramar meu mau humor em cima dele, mas ele olhou calmamente pra mim e continuou.

- O que pretende fazer com as coitadas? – Sabia que nunca vai conseguir uma cerca viva com um pé de tomate, uma videira e uma macieira?

- É mesmo? E você acha mesmo que eu sei o que essas coisas são? Agora resolveu ajudar? – Disse em tom de ironia. – Não é uma cerca viva, vamos construir um muro aqui já que não tem ninguém nessa cidade que faça uma pra mim.  

- Um muro é? Então isso explica a marcação no chão... Não vim ajudar, mas posso te dar uns conselhos... Evite gritar com elas, elas sentem isso, sabia? Ah... E compre um adubo e diminui na quantidade de água também.

- Elas vão virar o adubo se depender de mim, eu que não cuido mais delas!

 

- Eu não faria isso... É uma ótima terapia, ainda mais para pessoas estressadas como... Hãm... Você.  – Ele completou meio sem graça junto com um esboço de um sorriso, virou as costas e saiu caminhando

- Estressada é seu nariz, eu disse irritada enquanto ele se afastava. – E vou mandar fazer um muro bem alto pra evitar que vizinhos enxeridos venham me incomodar. – Ele continuou a andar sem me dar atenção, apenas ouvi sua voz já longe.

- É uma pena... Vai perder toda essa linda visão da cidade. – E se VOCÊ – Ele frisou bem a palavra “você” – tivesse me pedido seria mais provável que eu não conseguisse falar não. 

Estressada... Eu não sou estressada... Apenas tenho um temperamento um pouco forte. – Fiquei resmungando comigo mesma. Até parece que vou pedir alguma coisa... Que espere sentado!