segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Café da manhã

- Eu faço o favor de te trazer de volta e ainda fica com cara feia? – Reclamou assim que entrei no quintal sem falar com ele.
- Precisava ficar me esperando lá na porta do elevador como se eu fosse uma retardada Miguel? Porque me trouxe pra casa? Eu sei vir sozinha, ou estava com medo que eu voltasse para o apartamento do Devin?
- Não estava não eu Só quis ser gentil com ao minha esposa, não posso?
- E aquela conversa que estava atrasado?
- Que droga Andréa você quis que te levasse lá, esqueceu? E se não me quisesse lá não me obrigasse a ir. Trouxe de volta porque achei que fosse o certo a fazer. Fique ai reclamando com as paredes que eu estou indo.



Bem, de noite nos entendemos  o que é melhor parte como sempre, mas mesmo assim eu dormi super mal e já que eu estava em casa sem ter muito que fazer mesmo e ainda morrendo de fome eu decidi que iria colocar ordem naquela bagunça e nada melhor do que descontar minha raiva em algum incompetente. Desde que eu voltei pra Bridge liguei para a agência e onde está o mordomo que até agora não enviaram? Estavam fabricando um pra mim?
- Como assim houve um erro de sistema? Estou esperando esse tempo todo um mordomo e simplesmente meu cadastro não existe mais? – Pedidos e mais pedidos de desculpas e uma promessa que no máximo três dias teria um mordomo. Agora eu já estava me sentindo melhor.



 No momento o que eu poderia fazer era dar um jeito na fome e como não tinha nada pronto resolvi arriscar de novo na cozinha. Quebrei ovos, coloquei farinha, açúcar e leite... Misturei e misturei até meus braços cansarem.
Peguei uma frigideira e acendi com cuidado o fogo e eu juro que tentei fazer com que não grudasse e adivinhem? Deu certo!
Resultado final: Um monte de vasilhas sujas, fogão imundo, a frigideira acho que vai sobreviver e panquecas prontas. O gosto não deveria estar lá essas coisas, mas pelo menos eu consegui.



- Nossa você quase acordou as crianças com sua conversa no telefone. Eu pensei em colocar um colete a prova de balas antes de vir te dar bom dia. – Ele apareceu pouco tempo depois de tudo terminado.
- Own até parece que não está acostumado – Nunca estou estressada pra te dar um bom dia querido. Que tal tomar seu café da manhã?
- O que tentou fazer dessa vez? Não deveria tentar sabe que você e a cozinha não se dão muito bem.
- Rá, rá, rá... Muito engraçado
- O cheiro está “maravilhoso”, mas acho que vou comer um cereal lá no serviço mesmo estou atrasado.
Não sai daqui sem seu café que eu fiz com tanto carinho. Vai trocar de roupa que vou te esperar.



Ele apareceu algum tempo depois já de uniforme e sentou-se a minha frente.
- Não estou mesmo com fome.
- Nem vai experimentar Miguel? – Na verdade nem foi uma pergunta, foi uma ameaça.
- Ficou brava mesmo por ontem, não é? Está até me castigando – Fiz uma cara ainda mais irritada e então ele juntou as mãos e com tom de graça fez uma oração.  “- Que meu estômago seja forte o suficiente para aguentar essa comida, amém!”
- Ah qual é? Não sei por que fala mal as panquecas nem estava tão ruim assim – pelo menos essa não.
- Tem razão, não está, mas não arrisque a sorte duas vezes no mesmo dia eu encomendo o nosso jantar no restaurante.
- Tudo bem, nem gosto de cozinhar muito mesmo e vou sair mais tarde, acho que estou precisando voltar a meditar. 




terça-feira, 20 de novembro de 2012

Um dia de visita - Final

Quando entrei no quarto ele parecia estar tentando levantar da cama.
- Ai! – Ele reclamou alto assim que fez força para erguer o dorso para sentar na beira da cama.
- É melhor continuar deitado, não parece muito bem.
- Quem disse? Eu estou ótimo – É claro que o esforço que ele fazia mostrava o contrário.
A moça ficou perto da cama longe de mim com os braços cruzados me olhando com uma cara feia que até doía.
- Poderia dar licença Cindy? – Ele pediu educadamente, mas ela não se mexeu. – Escutei uma sirene lá fora, é algum tipo de ameaça ou o prédio está pegando fogo?




Com um pouco de dificuldade ele sentou na beira da cama virado para mim com as pernas cruzadas. Seu corpo pendeu para frente e eu segurei pelos ombros e depois passei as mãos por seu rosto.
- Não é só uma provocação. Você foi teimoso eu pedi para parar, mas não quero falar disso eu só vim saber como você estava. E pelo jeito não está muito bem.
- Ótimo, já viu agora vai embora – Ela gritava comigo agora e indicava a porta da saída.
- Eu disse pra você nos dar licença Cindy! – Ele disse novamente só que agora com a voz mais alterada.
- Não acredito Devin, eu não acredito! – Saiu esbravejando e pisando duro porta afora.
- Veio porque o brutamonte ficou vangloriando de tudo que aconteceu? Eu estou muito bem, obrigado.




Ele teimou e levantou da cama com um pouco de dificuldade.
- Não, ele não fez isso. Ele nem queria me contar, vim porque você é meu amigo droga! – Agora ele de frente percebia o seu rosto com alguns hematomas e sua boca ainda mais machucada que a do Mi.
- Ganhei novamente meu status de amigo, quanta honra – ironizou.



- Devin o que você tem na cabeça? Olha o que sua teimosia fez
- Minha teimosia te trouxe aqui, não trouxe?
- Hoje no seu apartamento, mas na próxima eu não vou visitar seu tumulo. Engraçadinho. Sério, para com isso vai.
- Sabe que não é fácil, não sabe?
- Sim eu imagino. Quero saber se está mesmo bem, precisa de alguma coisa?
- De uma enfermeira – piscou pra mim, fingi não ver. - Eu preciso ir agora – e abracei meu amigo abusado



 Ouvi a sirene novamente, o Miguel deveria estar soltando fogo pelo nariz.
- Já não tem uma?
- A minha irmã Cindy? Ta brincando?! Ela da mais trabalho do que ajuda essa peste
- De qualquer forma tem companhia. E o trabalho? Está afastado? Falou o que houve?
- Ele nem deixou e conhece o Stanley ele só reclamava e disse pra não voltar lá até me recuperar.
- Obrigado pela visita. – e apertou contra seu corpo – Leva um pouco do meu perfume pro engomadinho.
- Solta Devin! – Eu que vou bater em vocês dois, que droga! Cuida-se seu louco.
Atravessei em direção a porta rápido para não ouvir reclamações da doida e quando fechei a porta dei de cara com o Miguel me esperando ao lado do elevador. 


sábado, 10 de novembro de 2012

Dia de visita - Parte 01


Tomei um banho e coloquei uma roupa comportada caso contrário ele poderia me trancar dentro de casa, amava toda vez que o Mi franzia a sobrancelha como sinal de reprovação.
- Anda logo, não tenho o dia todo pra te esperar meu serviço começa daqui 40m – ele disse irritado.
- É caminho Mi e é só me deixar lá de frente ai você termina seu trajeto.
- Um caramba! Eu tenho cara de otário? Não saio de lá sem você. Já chega você querer ir lá.
- Estou pronta amor! Ignorei por completo seu comentário. Mas não se preocupe eu fiquei longe por semanas e não vai ser aqui que vou cair em tentação. – Passei por ele e dei um beijo em uma ruga que se formou por causa do seu mau humor. – Uma estátua tinha a aparência menos fria que ele.
- Finalmente! – reclamou.



 Ele parou bem de frente ao prédio e fez questão de ligar a sirene assim que eu desci.
- Só pra ele lembrar-se de mim, aquele panaca. – Vou esperar ali, esse lugar tem cheiro de estrume.
- Crianças... – Virei e fui logo cumprir minha missão de boa samaritana. 
Antes de entrar no prédio olhei de longe e o vi atravessando a rua. 



Cheguei à porta do apartamento n° 702 e fiquei lá feito uma idiota com o dedo esticado indeciso se tocava ou não a campainha. – Respirei fundo e apertei. Não demorou muito para uma moça abrir a porta. A feição de surpresa do rosto sardento logo transformou para uma cara de raiva e nada amistoso.
- Oi eu sou a...
- Eu sei quem você é, imagino o que veio fazer, mas isso não quer dizer que é bem vinda aqui.
- Calma eu só quero falar com o Devin. Saber como ele está
- Não é por sua causa que ele está assim? 




- Como assim por minha causa? Eu não tenho culpa que ele é um maluco que ficou me procurando sabendo que eu sou casada e sabendo como meu marido é tão ciumento.
- Está fazendo o que aqui? Pelo visto é uma bela sem vergonha, isso sim.
- Olha aqui garota se não calar a boca eu esqueço minha educação e dou na sua cara. – alterei minha voz sem querer. Vocês sabem como é meu humor, quem é afinal essa garota folgada?
- Olha como estou tremendo de medo de você – Disse sacudindo as mãos imitando estar tremendo.
- Não vim aqui pra falar com você garota, onde é que ele está? – Ela cruzou os braços e não me disse uma palavra, apenas me encarou de novo.



- Andréa é você? Ouvi a voz do meu amigo vindo de dentro do apartamento.
- Sim sou eu, mas não sabia que você tinha um cão de guarda em casa.
- Cindy, para de graça e deixa-a entrar.
- Viu?! Sou bem vinda até ele diga ao contrário. – Fiz uma cara tão feia quanto à dela, empurrei para o lado com a mão. – Com licença! – e fui adentrando no cômodo que de onde pareceu vir à voz do Devin.
- Melhor você ir embora – Ela rosnou do meu lado, mas é claro que eu ignorei a sardenta.





terça-feira, 6 de novembro de 2012

Como era de se esperar...

Passei a noite grudada a ele fazendo carinhos em seu cabelo e beijando sua nunca. Eu imaginava o que tinha acontecido, porém eu estava com receio de perguntar. Até aonde o Devin contou e qual foi a versão dele? E por mais que eu estivesse brava por ele provavelmente ser a causa disso tudo eu estava preocupada, será que ele estava bem?
Porque o Miguel não falava comigo sobre isso?



 Ele levantou cedo, talvez nem tenha dormido direito assim como eu. Ele colocou seu quimono agora talvez fosse a vez do boneco de treino sofrer com sua raiva. Eu pretendia colocar meu estresse pra fora também então porque não treinar comigo?
- Eu quero treinar também – fazia mesmo muito tempo que eu tinha praticado, seria muito bom praticar um pouco.E eu ainda tenho mais tempo de artes marciais do que ele.
- Não vou lutar com você Deh, hoje não é uma boa ideia eu posso te machucar.
- Com medo de perder para uma mulher? – Desafiei.



 Não sei o que deu na minha cabeça para desafiar o Miguel em um dia ruim e a minha cabeça ainda estava preocupada com o que teria acontecido com o Devin. Eu tinha certeza que tinha acontecido algo com ele. Nada de mensagens hoje e ele não iria parar assim de uma hora pra outra. Pedi tanto e ele não parou...
Senti uma pancada forte no meu rosto nesse instante que fez minha visão escurecer e eu me desequilibrei.



- Amor? Você está bem? Desculpe eu disse que não era uma boa ideia. – Eu senti os braços do Miguel me amparando por trás e deitando-me no seu colo.
- Não foi culpa sua eu que me distrai. Eu estou preocupada com ontem. Não vai me falar o que houve? – Ele fez uma expressão de raiva e levantou em seguida.
- Você sabe o que houve e está preocupada com o idiota do Devin não é? Eu só não acabei com aquele imbecil porque eu aprendi ter autocontrole usar minha força para salvar vidas e não acabar com elas, mesmo que seja de um ser insignificante como ele, mas saiba que não foi nada fácil. 
- Não deveria ter feito isso com ele Miguel!



- Não? Então tudo bem se tem um galã de quinta categoria tentando a todo o momento destruir minha família? – ele deu uma pausa e em seguida apoiou com suas mãos fechadas em uma pedra que havia ali perto. Parecia que ele iria explodir de tanta raiva. – Minha vontade era de não parar de bater nele. – disse por final.
- Ele é meu amigo e está confuso Mi logo ela arruma alguém e esquece tudo isso. – Levantei um pouco tonta e fiquei pensando como o Devin teria ficado.
- Amigo? Ele me disse que tenho sorte por você me amar tanto senão teria conseguido roubar você de mim durante as gravações naquela maldita ilha. O que ele aconteceu entre vocês lá?! Disse entre os dentes quase grunhindo.



 - Como assim o que houve? O que houve é que meu marido violou minha privacidade e pra completar espancou meu amigo!  Eu estava cuidando disso, você não tinha o direito!
- E ele estava no mínimo achando maravilhoso esse joguinho. E você nunca mexe no meu celular, certo?! – Xeque mate! – Claro que eu mexia, sempre mexi pra falar a verdade até mesmo quando éramos namorados.
- Tudo bem, ele apenas me disse o que sentia depois que aconteceu uma cena entre nossos personagens, mas eu nunca dei qualquer esperança a ele.
- Que cena? – perguntou ainda mais desconfiado.
- Pensei que não se interessava pelo meu trabalho – disse fazendo pouco caso, mas de qualquer forma eu não lembro ao certo. Não acho que é necessária tal informação. – Estou com dor de cabeça Mi, vou tomar um banho e ir ver como ele está.



- Como é que é? Não você não vai não! – Ele disse exaltado.
- É só um tempo de um banho e ficar limpinha e bem perfumada.
- E precisa de tudo isso? Precisa ir? Manda uma mensagem ele não perturbou tanto com isso? Faz uma ligação...
- Shiiiiiiiu – Coloquei o dedo na sua boca e o fiz ficar quieto. Eu vou e você vai me levar pra aprender. Por sorte ele não chamou a polícia e te denunciou. Você levaria uma punição ou seria afastado da corporação...
- Só se você for comigo no caminhão por que tenho que trabalhar daqui a pouco, mas não espere que eu leve flores ou fique cheiroso pra agradecer ele por não me denunciar. E vou ficar do lado de fora te esperando – ele estava irritado de verdade com a tal visita.
- Tudo bem pra mim bobão – Pendurei no seu pescoço e dei um beijo gostoso – Eu te amo tanto Mi! – disse fazendo gracinha antes de entrar.