sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Brincando com Fogo - Consequências

No dia seguinte veio a pior parte. Enquanto arrumava minhas malas ficava pensando como ir embora e deixar meus filhos para trás? Que tipo de mãe desnaturada eu sou? Se não fosse pelos argumentos do Miguel eu brigaria até não haver mais forças para ficar com eles, mas para inicio de conversa vinha a Alice que estava no final do semestre já nas provas finais e se não bastasse à separação uma suposta mudança de escola afetaria ainda mais para que fosse reprovada. Quanto ao Heitor ele me fez ponderar. No momento estava perdida sem saber direito o que fazer da minha vida como faria para cuidar de uma criança ainda tão dependente dos pais? Ali ele estava seguro em casa e com um pai extremamente cuidadoso e protetor.



Fui ao quarto do Heitor já com o coração apertado peguei meu filho e enchi-o de beijos, abraços e carinhos, olhei bem para seu rosto para que ele não se esquecesse de mim até que eu voltasse para visitá-lo (isso ainda tinha que combinar com o Miguel) e o pior foi a Alice, que já é maior e entende um pouco mais das coisas.
- Não, eu não quero seu abraço e não quero saber de você, está nos abandonando por outra pessoa, que seja quem for eu odeio! Odeio!
- Amor, quando crescer mais um pouco vai entender – tentei argumentar, mas ela não queria conversa – Eu não vou querer ficar com você nunca! – Ela continuava esbravejando – Me senti a pior das criaturas sai de lá sem ao menos ganhar um abraço dela e o Miguel sequer olhava para mim, não abriu a boca também para repreender a filha, talvez estivesse achando o mesmo.



Uma única pessoa conseguiu magoar três ao mesmo tempo, meu recorde pessoal e espero que nunca consiga ultrapassar essa marca. – Dirigi algumas horas até chegar ao anoitecer em Bridgeport, minha intenção inicial era ir para a minha casa, mas estava me sentindo tão mal que talvez a solidão em uma casa cheia de tantas boas recordações não fosse uma boa companhia para alguém que já estava suficientemente arrasada.  De última hora resolvi procurar o Chris, ainda não havia conversado com ele desde madrugada. Será que estava em casa? Será que estava “sozinho”? O medo tomou conta de mim, na verdade estava apavorada. Mesmo assim encostei meu carro e fiquei ali parada, não demorou até que aparecesse sem camisa totalmente à vontade.
- Deka? É mesmo você? – Ele ficou feliz ao me ver parada encostada no meu carro




Ele notou pela minha aparência que algo estava acontecendo e ainda mais parada de frente a sua casa no inicio da noite. Ele provavelmente estava imaginando que eu havia tomado alguma decisão.
- Hey, o que houve gatinha? Por que essa carinha de choro? – Ele me abraçou e senti algo realmente acolhedor
- Eu abandonei tudo Chris... Senti novamente as lágrimas rolando pelo meu rosto, o medo de ter feito a maior burrada da minha vida era enorme.
- Vem, acho melhor você entrar...
Ele me guiou pela sua casa e fomos até a sala onde me colocou sentada bem ao seu lado no sofá.



- Olha, não fica assim, tudo que te prometi está de pé, ok? Não vou mentir dizendo que sinto muito, porque não sinto, estou tão feliz que tenha resolvido me dar uma chance. Vem aqui – Ele me puxou para o seu colo e ficou me olhando por um tempo como se não estivesse acreditando, de verdade nem eu estava. A única coisa que eu sabia era que eu estava meio desorientada sobre tudo. Estava com uma mistura imensa de sentimentos dentro de mim.



Poucos segundos depois o sentimento mais dolorido prevaleceu e me lembrar das palavras da minha filha me cortava por dentro, eu abandonei uma filha de quase oito anos e um lindo menininho de quatro anos para viver um romance que nem estava certa se iria pra frente, parecia loucura.
- A Alice me odeia Chris – apoiei minha cabeça em seu ombro e comecei a chorar novamente.
- Claro que ela não te odeia, ela só esta com raiva... Vamos ter que ser pacientes com ela e mostrar que foi melhor assim... – ele estava fazendo de tudo para que me sentisse melhor.
- Então espero que isso passe rápido.




Eu já estava me sentindo um pouco melhor depois de um tempo e achava que o certo era ficar na minha casa sozinha para colocar minhas ideias no lugar, mas o Chris não deixou. Ele achava sim que eu precisava de um descanso, porém não sozinha.
- Prefiro que fique aqui comigo, vou fazer algo para comer.
- Não precisa, não estou com fome – mesmo passando o dia praticamente sem comer eu não sentia fome.
-Então vamos subir para você descansar. – Ah bem, como dizer que eu não estava pronta para isso? Não com minha cabeça a mil como estava.
- Hey gatinha, relaxa... – Prometo me comportar – Deitei na cama do jeito que estava e ele apenas me abraçou por trás. Fechei os olhos esperando que o sono viesse enquanto ele tentava me acalmar. Acordei no dia seguinte com a claridade entrando pela janela e me sentia um pouco melhor.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Brincando com Fogo - Decisões


Era mais de duas da manhã e todos estavam dormindo, ou melhor, quase todos já que eu rolava de um lado para o outro da cama sem conseguir pegar no sono. Levantei, tomei um suco, vaguei um pouco pela casa de bobeira e então resolvi dar uma navegada básica pela web. Entrei no Facebook para dar uma olhada rápida nos meus recados, havia somente um, do Chris... Deu um frio na barriga ao responder mais uma das suas graças, que por sua vez estavam mais ousadas depois que voltamos da ilha e deu-se inicio as gravações há quase três meses atrás, e ele de repente me aparece on com sua saudação habitual, que agora vinham com um toque a mais de provocação
- E ai gatinha? Não consegue dormir porque fica pensando em mim?




 Isso me fez voltar ao dia que voltamos da ilha, era sobre isso que ele estava se referindo. Antes de chegar ao meu destino ele parou o carro próximo a estação do metrô.
- Ei, o que está fazendo? Perguntei assustada ao notar como ele de repente parou para olhar o horizonte a nossa frente.

- Sabe Deka - e ele segurou minha mão e levou à sua boca dando um beijo suave - Nas minhas insinuações no Facebook... Nem tudo é só graça algo dentro de mim mudou e comecei a sentir algo especial por você já há algum tempo.

- Não Chris, melhor parar, somos apenas amigos e aquilo no Facebook é só uma brincadeira boba. - Depois do que aconteceu assim que chegamos da ilha eu achava sempre melhor manter certa distância dele, mas mesmo assim seus olhares para mim fazia meu coração acelerar. 




Ele desceu passou as mãos pelos cabelos parecia pensativo e apreensivo e só então ele contornou o carro, não imaginava o que ele iria fazer. Ele abriu a porta e quando pensei que era para que eu saísse ele fez o contrário entro e sentou-se ao meu lado me obrigando a sentar na beiradinha do banco.

- Eu estou apaixonado por você, me da uma chance, por favor... Gatinha não imagina como venho pensando em você desde o dia em que fomos ao Joy. - sim ele vivia citando o quanto gostou que eu tivesse ido com ele ao clube que ele tanto amava, mas fomos em um grupo considerável e não imagino o porque ele cismou justamente comigo a mais sem graça e a única casada (na época) da turma. Nossas conversas sempre foram em tom de brincadeira, pelo menos era assim que eu pensava que ele também estava levando a coisa toda.

Para a minha surpresa ele veio ao meu encontro e me deu um beijo e para a surpresa maior eu retribui, senti meu corpo esquentar e parecia que meu coração tremia de tão rápido que batia. O que afinal de contas estava acontecendo?




- Então... Já pensou sobre nós? Eu preciso de você, eu largo tudo por você e estou falando sério. Faço tudo que quiser, abro mão de tudo só para ficar com você, por favor, me da uma chance!!

- Tenho uma família Chris, estou confusa...

- Ficarei ao seu lado, eu te ajudo com isso... Por favor...  Nunca amei ninguém antes e sei que você é especial.

- E se não der certo? - Probabilidades de ficar com ele já eram inevitáveis na minha cabeça, mas o medo de arriscar e me dar mal eram enormes, mas por outro lado ele fazia de tudo para me mostrar o quanto estava disposto a mudar por mim. Um dia meio que na brincadeira para ver a reação dele disse q não gostaria nem um pouco de entrar no quarto dele principalmente que no seu blog ele citava que quando ele voltava o seu quarto tinha o perfume da Analiy (uma das suas odiosas ex peguetes). Eu disse “Nunca vou querer ficar no seu quarto que fede a essa tal de "Vacaliy"” então simplesmente ele mandou reformar o quarto.

- Sem sono? – A voz do Miguel preencheu o ambiente e não pude evitar o susto – que me condenou assim que por instinto fechei o notebook com medo de ele ver a conversa.




Levantei meio sem jeito depois de se pega de surpresa conversando com outro homem planejando um possível futuro.
- Só estava conversando com o Christopher – passei por ele e tentei não me entregar no modo como falava, mas ele estava percebendo minha mudança de comportamento faz dias – Ele me segurou pelos ombros.

- Acha que não percebi Deh? Você está diferente, distante... – Sua voz estava ficando embargada pelo choro contido – Estou te perdendo, não estou? – Senti um aperto no peito tão forte que chegou a doer, estava prestes a magoar uma pessoa que sempre fez tudo para mim. 




- Me perdoa Miguel – Virei e o abracei com toda minha força não conseguindo mais conter as lágrimas que já começavam a cobrir o meu rosto – senti seus braços fortes me apertando e assim como eu ele não conseguia mais conter suas lágrimas.

- Eu sinto muito ter deixado isso acontecer...

- Não, não a culpa não foi sua, você é um homem maravilhoso um ótimo pai, simplesmente aconteceu...

- Você está apaixonada pelo Christopher, é ele, não é? – Apenas fiz um leve meneio com a cabeça confirmando. – Ele foi aos poucos afrouxando o abraço e quando se virou de costas para mim disse – Não posso impedir que você vá embora, mas daqui as crianças daqui não saem, vão ficar comigo, nunca vou permitir que você as leve. – Um pânico tomou conta de mim, mas ele tinha razão pelo menos por enquanto não sabia nem ao menos o que fazer da minha vida... O que eu vou fazer agora? Estava trocando o certo pelo duvidoso, mas estava disposta a tentar.