Havia
acabado de almoçar quando escutei um barulho vindo do quintal deveria ser os
cachorros cavando buracos de novo no quintal.
- Xô,xô,
xô... - Eu sai reclamando porta afora quando me deparei com uma cena
surpreendente. – Ela parou quando me viu com seu cabelo avermelhado combinando
com as folhas das árvores do quintal.
- Acabei
de chegar e me manda embora? Depois não reclama que eu não vim conhecer o
pirralho.
- Olha
só quem está perdida neste lado da cidade! Finalmente e a propósito o nome do
seu afilhado é Heitor: H E I T O R - Falei pausadamente e em um tom mais alto
para quem sabe dessa vez ela grave o nome do meu filho.
- Ah
tanto faz o importante é que estou aqui e até trouxe um presente para ele -
- Sério
que se preocupou com isso? E o que é? Por Deus Lana eu espero que não seja nada
inapropriado para um recém-nascido.
- Fica
tranquila a moça da loja disse que é perfeito pra idade dele ela trouxe um
monte de brinquedos e eu só tive o trabalho de escolher um. Deveria ter passado
na farmácia e comprado um calmante para você que está cada dia mais tensa.
-
Reclama, reclama e nem me convida para entrar. Onde estão todos? Não vim para
ficar olhando pra sua cara mal humorada.
- As
crianças lá dentro e o Miguel está se exercitando.
-
Primeiro deixa eu ir lá conhecer o remelento, depois dou um oi pro Miguel, se
você não se incomodar, é claro.
-
Remelento é seu nariz Lana – Mas ela nem estava mais perto me escutando.
- Você
não sabe aonde é o quarto dele, espera!
- Estou
seguindo o cheiro Deh, olha o cheiro de fralda suja que vem desse quarto aqui.
– Disse entrando no quarto do Heitor.
- Ele
não fede, que mania de achar que eles fedem. Depois não quer que eu me irrite
com você.
- É só
um quarto a mais eu ainda me lembro de como sua casa era antes da reforma só
podia ser aqui – Ela parou por um momento e olhou para o berço. - Olha ele ai
eu vou pegar para você não ficar reclamando que sou desnaturada.
Eu
poderia ter falado para ela não pegar já que ela não tem jeito, mas como eu não
queria ser taxada de reclamona de novo eu fiquei quieta. – Graças ao seu dom
impar com crianças o Heitor começou a chorar assim que ela pegou.
- Faz
ele parar – Disse quase desesperada me fazendo tremer de tanto rir, mas como
era a vida do meu filho em jogo eu tirei dos seus braços desajeitados.
- Bem eu
já fiz meu papel de amiga e madrinha, mas eu não nasci pra isso e você sabe.
Onde o Miguel esta mesmo? – Antes de responder ela já estava longe novamente.
Encontrei-a
na entrada da garagem onde ficam os equipamentos do Miguel se exercitar.
- Oi
Miguel, como está? Pelo visto tão grande como da última vez que eu vi.
- Oi
Lana eu não sabia que estava por aqui. Como está?
- Eu
estou precisando de ajuda para mudar alguns móveis de lugar, quem sabe poderia
me ajudar... – Disse olhando o Miguel de baixo pra cima sem nenhuma cerimônia e
depois olhou em seus olhos fazendo aquela cara de sem vergonha.
- Ela
está ótima como você percebeu agora pega o Heitor e leva logo para o berço que
a doida aqui o acordou o menino, eu quero falar com ela agora.
-
Precisa ver a sua cara sua tonta. Esqueceu que prezo minha vida e minhas mãos? Como
pode ser tão possessiva?
- Só
deveria ser mais discreta, sabe que me incomoda.
- Acho
que nem vou dormir por causa do seu mau humor fica ai com seu discurso egoísta de
sempre que eu tenho coisas melhores pra fazer.
-
Espera, o Stanley ligou e disse que precisa falar com a gente sobre um filme com
nós duas só que é em uma... – Antes de terminar notei um movimento estranho
entre as folhagens do arbusto.
- O que
foi? – Ela notou a mudança na minha expressão
- Melhor
você ir Lan depois eu te ligo pra conversarmos melhor. Parece que tem um rato
escondido nos arbustos eu vou agora mesmo pedir pro Miguel dar um jeito nisso. Melhor
você não ficar para ver. – E dei um leve aceno com a cabeça.
- Rato
é? Eu odeio rato. Eu até poderia tentar eliminar com meu salto já que sou ótima
com pontaria, mas não pretendo sujar meu sapato importado com porcaria, espero você
me ligar.
- Não da
pra falar agora e também o Stanley ainda não esclareceu direito, mas vai entrar
em contato em breve. – Disse enquanto abraçava minha amiga.
- Então
te vejo em breve, vou indo que tenho coisas importantes para fazer agora.
-
Importante? Sei... Disse desconfiada.
- Não começa.
Não vai dar tempo mesmo porque eu estou indo. Bjuss
- Ei
Lan... Obrigada por ter vindo desnaturada. – Ela fingiu não ouvir mas ouvi o
som da sua risada.