segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Monte Vista - Parte VII


Quando finalmente meu celular deu sinal de vida vi os recados da Lan na caixa postal, liguei em seguida e pelo milagre de Deus ela veio ao meu encontro, trouxe presentes para as crianças e ainda que com certo receio eu insisti para que ela segurasse seu afilhado. Claro que não foi tudo tão perfeito ali e com sua cara de pau ela teve coragem de cantar o Miguel na minha cara assim que o viu com o novo visual. – Se não fosse minha amiga e eu soubesse que ela expressou sua gracinha em voz alta apenas para me irritar eu teria partido ela ao meio sem pensar duas vezes.
Deixei as crianças aos cuidados do pai e fui com a Lana até o Café Molto Expresso e conversamos sobre minha família e ela sobre sua orgia com os gêmeos. Pena que quando conseguimos nos encontrar ela já estava com a viagem de volta marcada para o dia seguinte.


Eu também não pretendia ficar muito na cidade, mas prometi a Bianca que teríamos um tempo só nós duas então quando soube do festival da cidade a levei comigo para passear. Quando chegamos ao local reconheci na hora o armazém abandonado aonde eu e o Patrizio nos protegemos da chuva aquela vez, claro que agora ele tem mais serventia e que por ironia começou a cair sem dó quando chegamos. Tomamos um sorvete e tudo mais que uma prima dedicada, linda e amorosa como eu poderia fazer para agradar uma menina tão entusiasmada como ela. Até pedi para uma senhora que passava tirar uma foto nossa para que ela guardasse de lembrança.




Assim que o tempo melhorou fomos passear la fora e fiquei com pena ao falar para ela que minha volta à Bridgeport não demoraria a acontecer, precisaria voltar às gravações e o Miguel ao seu trabalho. Partiu meu coração ao olhar para ela e vê-la chorando. Se pudesse carregaria a menina comigo.
Enchi a pequena de carinhos, agradei como pude e comprei a ela um presente e prometi que voltaria em breve, mas ainda iriamos nos ver novamente antes da minha partida.




Cheguei a casa e fui surpreendida com rosas vermelhas e um irrecusável convite para jantar com meu marido no restaurante do centro da cidade. Não perderia uma oportunidade dessas por nada. Cidade acolhedora, comida maravilhosa e a companhia perfeita do meu marido. Subi correndo para tomar um merecido banho e escolher uma roupa. – Sim realmente não é fácil encontrar uma roupa, acho que deixei as melhores em Bridgeport.  Ainda precisava arrumar o cabelo, passar um perfume... Demorei quase três horas para ficar pronta, ele já estava inquieto.




- Demorou tanto e esqueceu-se de colocar o resto da roupa? Você é uma mulher casada, não deveria anda assim.
- Com um guarda costas do lado eles vão fazer de conta que nem vão me ver, agora para de graça e vamos, não estava com pressa?
Fizemos nossos pedidos e comemos sem pressa e falamos sobre a leitura do testamento no dia seguinte e sobre as passagens já compradas também para amanhã.
O jantar foi perfeito e aproveitei para beber um pouco mais. - Fomos caminhando pela cidade - eu apoiada um pouco no Miguel. Tudo já estava praticamente deserto por causa do horário. O Miguel me puxou para um cantinho em frente ao Museu.
- Vem aqui, aquele dia não quis namorar e fui fazer suas vontades e hoje é minha vez... Esse vestido curto só vai facilitar as coisas. – Hum... Por que eu diria não? Escondido ainda continua sendo mais gostoso.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Monte Vista - Parte VI

No outro dia depois do café da manhã o Miguel veio ao meu encontro no quarto, ele estava estranho desde a noite anterior.
- Que foi aquilo afinal de contas Andréa? Ainda não consegui digerir aquilo e é bom que pare com essa mania de sair beijando, já tenho que aguentar gracinhas por causas dos seus filmes que eu prefiro nem assistir e você ainda sai beijando na minha frente? Acha que eu tenho cara do que? Agora vai sair agarrando todo mundo por ai e acha mesmo que eu vou ter que aguentar isso?




- Ah amor não fala assim vai?! Não foi nada demais. Ele é meu primo e é o único laço que eu tenho com a minha família. Foi só um beijo fraternal eu o considero como um irmão. Se fosse algo demais não faria na sua frente, faria? Não ia expor meu primo ao risco de levar uma surra igual ao coitado do Devin. – ele riu lembrando-se desse fato.
- Ele mereceu, mas estou falando sério, o próximo que você fizer isso seja lá quem for eu quebro o nariz. – ficou sério novamente.




- Era só isso? Já ameaçou e agora o que vamos fazer durante o dia? – mudei logo de assunto para não estragar o dia.
- Passear pela cidade é claro! Vamos agora mesmo só vou colocar uma roupa.
- E eu também! Rapidinho eu fico pronta. – tentei passar por ele, mas ele me suspendeu no ar mudando minha direção.
- De jeito nenhum! – Se abrir aquela cômoda ou o guarda roupas não sairá de casa antes das duas da tarde e ainda vai reclamar que está sem roupa pra sair. Pode me esperar lá embaixo, você está ótima assim. – Nem tentei passar por ele novamente, não iria conseguir mesmo.




Passeamos tranquilamente por vários pontos da cidade sem sermos muito incomodados. Vimos algumas coisas interessantes e passando de frente ao cinema o Miguel convidou para ver um filme em cartaz, mas tive uma ideia melhor.
- Então pra onde vamos madame? – Fazer um lanche ou ir ali naquele lugar mais escondido ali e namorar um pouco? – Embora a segunda opção fosse tentadora eu pensei em algo diferente.
- Tenho uma ideia melhor... Vamos comprar umas roupas.
- Ah nem pensar, não vou ficar horas esperando você experimentar um monte de roupas e comprar apenas duas ou três.
- Quem disse que é pra mim? É pra você. Sempre diz que nunca tem tempo pra isso e já tem meses que não compra uma camiseta pelo menos... E... Acho que eu vi um lugar por ali.




Não foi fácil mantê-lo dentro de uma loja por algum tempo. Ele saiu escolhendo qualquer coisa só pra sair depressa da loja, mas eu fiz experimentar pelo menos umas cinco – sim foi o máximo que eu consegui – Depois de praticamente ser carregada loja afora eu ainda tinha outra missão. – Convence-lo a cortar os cabelos
- Faço isso quando chegarmos de viajem e vou lá naquele lugar de sempre.
- Nem pensar! Lugar de sempre, corte de sempre, cara de sempre... – praticamente implorei para convencer a entrar em um salão. – Dei as dicas do que queria para a cabelereira
- Satisfeita?! Agora vamos sair logo desse lugar antes que você invente mais alguma coisa.
- Siiim eu fiquei muito satisfeita com o resultado final, vamos embora, mas depois quero sair pra jantar com você. 



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Monte Vista - Parte V

- Mamãe planejou voltarmos pra cá quando eu fizesse 18 anos, faltavam apenas dois meses... Seria uma viajem muito diferente de quando era adolescente, mas infelizmente não deu tempo... – Lembrar-se de como foi triste a perda da minha mãe em um acidente durante uma viagem que ela fez para assinar o divórcio com meu pai em um país distante me fez vir a lágrimas. Era saudade misturado à raiva que sentia do meu pai por de certa forma ter sido a causa de tudo isso. Quase dois anos depois recebi a noticia de sua morte também, não quis saber o motivo só sei que como única herdeira eu recebi toda sua fortuna. E se soubesse administrar eu não precisaria trabalhar nunca mais na minha vida. Mas isso não traria minha mãe de volta...
- Ei, calma. Agora você tem sua família... Patrizio tentava me acalmar e só ai eu percebi que estava molhando sua camisa com minhas lágrimas.



- O que está acontecendo? – Miguel perguntou quando me viu chorando.
- Recordações, umas agradáveis, outras tristes... – Patrizio explicou e logo fui envolvida nos braços do meu marido para me confortar.
- Alice já se cansou e está perguntando pela mamãe, quer lavar o rosto primeiro? – Ele gentilmente tentava me acalmar – Claro que eu precisava e retocar a maquiagem borrada também. Eu tinha que cumprir a promessa que tinha feito pra mim mesma que sempre estaria ao lado da minha família e não deixaria nada estragar isso.



Almoçamos juntos e acho que nunca comi tanto na minha vida. Diversos pratos e saladas, mas ir até a Itália e não comer macarrão parecia um crime pra mim, não tem igual em qualquer outra parte do mundo... Tinha a impressão que iria explodir. – Não me lembrava de como era bom a família reunida em volta da mesa conversando sobre assuntos alegres e falando bobagens. A família de Patrizio é tão linda quanto a minha e durante o almoço ficamos sabendo que Isabella estava grávida novamente.
- Está vendo amor eles passaram na nossa frente, vai deixar isso? Fala pra ela Isabella sobre a magia de ser mãe... – Se a mesa não fosse de vidro para me denunciar eu o beliscaria o Miguel nos seus países baixos naquela hora.



Depois Bianca me levou para conhecer seu lugar favorito no quintal – uma casa na árvore – e fizemos um tour pela propriedade.
- Vem logo antes que escureça! – ela segurava minha mão e estava muito animada. Nós deparamos com o Miguel carregando no ombro o Antonio – que já não estava mais envergonhado – E a Alice estava fazendo birra no chão porque já era a vez dela. – Quanto tempo o Miguel vai aguentar com aqueles dois? – ela achou graça
- Ele é bem resistente, acredite.



Quando passamos de volta ele estava caído no chão com as crianças ao seu lado reclamando querendo mais brincadeiras e ele ali estirado parecendo exausto...  
- Bora belo adormecido!
- Vamos antes que terminem de sugar o resto da minha energia.  – ele disse já levantando.
Já prontos para ir embora eu dei um selinho em meu primo – viu? Não precisei te derrubar para fazer isso – falei zombando. – estava tão feliz de ter passado o dia com eles, mas não pude sair de lá sem antes prometer que voltaria outro dia antes de voltar a Bridgeport e logo nos encontraríamos novamente para ver o testamento da titia.


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Lembranças, Parte 03

- Sua tia Silvia mora aqui, comporte-se ou nada de viagens esse ano – ela ameaçou. – Eu não era 100% rebelde, quando queria ir para Sunset Valley eu obedecia fielmente às ordens da mamãe e me vestia como uma Patricinha e me comportava como uma lady – era parte do combinado – e tudo isso para conseguir passar um final de semana com o Alex, mas quando as coisas não saiam como eu queria ou planejava meu modo de vestir e meu comportamento mudava da água pro vinho.
- Tudo bem mamãe, posso fazer isso. – Não iria reclamar se tivesse que ficar naquela casa, me comportaria como nunca.
- Deveria ter colocado uma roupa melhor. Sua tia vai espantar quando ver você vestida desse jeito.



Quando chegamos entramos sem bater e dei de cara com a titia na sala já nos esperando.
- Oi tia! Cadê o Patrizio? Preciso falar com ele. E comecei a subir as escadas mesmo sem permissão.
- Volta aqui Andréa! Vem falar com sua tia. – Mamãe chamou, mas precisava me desculpar com ele primeiro.
- Primeiro ele mamãe! Já volto!
- Ele está tomando banho menina, quarto à direita, melhor bater antes de entrar – ainda a ouvi reclamando com a minha mãe sobre meu comportamento...
- “Precisa controlar melhor essa menina”
- “Por isso que não da pra ficar na casa da família quando venho para cá... Só iria me fazer passar vergonha”.



Entrei no quarto do Patrizio e ele nem tinha terminado de vestir sua roupa e quando me viu me mandou sair.
- Sai daqui, fala pra minha mãe que eu vou colocar a camiseta já vou descer.
- Ah não fica assim comigo vai, só quero te pedir desculpas. – Segurei seu braço fazendo com que parasse de andar pelo quarto sem me dar um pingo de atenção. Vou embora amanhã, não vai fazer isso comigo, né? – Finalmente ele parou.
- Minha mãe não tinha me contado...



- Eu só queria pedir desculpas, vou esperar lá embaixo. Nem falei direito com a sua mãe.
- Ei, espera! – Ele me envolveu e me inclinou, pensei que fosse cair então entrelacei meus braços em volta do seu pescoço.
- Patrizio, você enlouqueceu? – reclamei no susto.
- Eu quero fazer uma coisa... – Nunca tinha prestado tanta atenção aos olhos dele. Ele me puxou para mais perto.
- “O que pensam que estão fazendo? Ela é sua prima Patrizio!” Minha tia gritou ao abrir a porta e deparar-se com a cena – nem era pra tanto...



- Mãe?! – Patrizio assustou e me soltou na hora.
- Filho de uma... – Não completei a frase ou ficaria de castigo pelo resto da minha vida se minha tia ouvisse.
- Me desculpe! – Ele disse quando me viu no chão. – Ele ainda ajudou a me levantar.
- Vá se vestir Patrizio! E a senhorita desce agora comigo. – Ela desceu logo atrás resmungando palavras em italiano e pelo meu pouco entendimento na época dava pra garantir que não ficou feliz com aquilo. Almoçamos juntos e fomos embora ao dia seguinte.


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Para quem não acompanhou o blog desde o começo (ou acompanho e não está lembrado) aqui vai um link para mostrar a diferença entre o meu comportamento adolescente de Sunset Valey