Então é assim?

O Miguel só chegou bem mais tarde e disse já ter almoçado com os amigos. Caiu na cama e dormiu por horas.

Já no inicio da noite eu havia me arrumado e chamado novamente a babá quando ele apareceu na sala

- Aonde vamos essa noite? Pensei em irmos para o Moedor – Disse animada

- Você eu não sei, mas eu fui convidado para a despedida de solteiro do Donato. Cheguei tão cansado que fui dormir e esqueci de te falar.

- Poxa Miguel temos só uns dias aqui na cidade e você vai deixar de sair comigo pra ir à casa do Donato? – Mentalmente contava de um até mil para não perder o controle. O problema não era a casa do Donato, mas quem provavelmente ele havia contratado para “animar” a festa e não queria nem pensar mais no assunto.

- Foi justamente isso que ele me disse. Que não sabe quando nos veremos de novo e já que não estarei no casamento dele então poderia ao menos ir a sua festa.

- Eu já estou arrumada e não vou ficar em casa. Só espere a babá que eu já vou indo antes que fiquei muito lotado. – Dei um selinho nele e sai.

Nem estava mais com vontade de sair, mas não iria ficar em casa enquanto ele ia para uma festa que provavelmente estaria cheia de vadias. Pedi uma bebida e ainda fiquei por algum tempo no Moedor, mas estava tão desanimada. Peguei o carro e fui dar uma volta pela cidade. O parque estava tão tranqüilo que resolvi descer e passar um tempo. – Fiquei ali esperando o tempo passar imaginando se seria tão difícil para ele entender o meu lado de não querer ter mais um filho por enquanto.

Estava tão perdida escorada no escorregador da praça que não me dei conta de quanto tempo havia passado. Só vi quando ele se curvou na minha frente. Nem precisei erguer a cabeça para saber quem era a julgar pelo sapato.

- Desistiu do Moedor? – Ele disse enquanto me observava.

- Preferi parar aqui e ficar curtindo o silêncio e meus pensamentos. E você não deveria estar na festa?

- Tem noção de que horas são? A festa já deve ter terminado há algum tempo eu não sei por que não fiquei. Passei só pra dar um abraço no meu amigo e fui atrás de você. – Pensei que te encontraria já alterada e dançando no balcão, mas nada.  Então resolvi te procurar. – Não foi difícil saber que estaria assim em algum lugar sossegado então passei por alguns parques da cidade até que vi o carro parado logo ali. 

- Assim como? – Perguntei confusa.

- Esta tão desligada que não notou isso? – Ele passou a mão pelo meu rosto secando uma lágrima que deslizava pela minha face. 

- Ah... – Não tinha percebido... – Me levantei e fui em direção ao banheiro para lavar o rosto, mas ele me impediu.

- Se for passar horas lá dentro tentando disfarçar isso tudo bem, mas vou te por a par da situação. São quase cinco da manhã e logo isso aqui vai estar cheio de pessoas fazendo suas caminhadas diárias. Vai querer que te vejam assim?!  

- Vamos pra casa. – Virei na mesma hora para o lado que havia estacionado o carro – Nunca que deixaria que me vissem com o rosto inchado e chorando.

- Porque estava chorando? – Só por que eu sai de manhã?

- Assuma que saiu irritado comigo. Eu te magoei por ter adiado sobre um novo filho.  – Ele teria que me contar a verdade.

- Um pouco, você sabe. Mas era só por causa disso que chorava? – Ou era por causa da festa?

- Não estava chorando era uma irritação nos olhos.

- Você vai acabar enfartando por causa desse seu ciúme doentio, sabia? Nem fiquei por sua causa. Se bem que quando estava saindo chegou uma dançarina moreninha cheia de curvas que quase me fez mudar de idéia...

Não pensei duas vezes ao dar um beliscão bem doido no seu abdômen – Cachorro!

- Ai! Isso doeu! – Ele reclamou