Senti que alguém se aproximando, falava algo, mas para mim
era inteligível. Senti me levantarem do chão, meu corpo vibrou no impacto
quando se chocou com o dele. Queria poder dizer para me deixar ali, que eu iria
ficar bem, mas não conseguia abrir minha boca, não conseguia me mexer...
- "O que você pensa que está fazendo?" - Só aí
consegui identificar a voz. Por tantas vezes o vi sair de casa, nossa antiga
casa, para salvar vidas, nunca imaginei que um dia ele viesse ao meu socorro.
Não sei onde estou só escuto ao longe um pouco do barulho do
mar... Onde será que estou? Tento abrir
meus olhos, mas não consigo meu corpo não me obedece, sinto que estou começando
a entrar em desespero tento controlar minha respiração... Agora sinto uma
fragrância suave, parece ser de algum tipo de flor, mesmo assim mais calma não
consigo abrir meus olhos. Escuto passos ao longe, parece vir de outro cômodo,
não consigo identificar, depois só silencio e ai eu sinto um forte cansaço
tomar conta de mim...
Quando me dou conta estou novamente à deriva seja lá onde
for, ainda não consigo me mover, mas dessa vez ouço uma porta se abrir e passos
vindo em minha direção. Espero para ver se ouço a voz para tentar reconhecer ou
que falem algo para saber o que está havendo... Sinto uma mão quente e macia
tocar as minhas, espero para ouvir a voz, eu estou impaciente, a pessoa parece
estar chorando, não entendo o porquê.
Novamente a porta se abre, mas dessa vez ouço como se alguém
rosnasse de raiva, meu Deus, o que está havendo?
- O que você está fazendo aqui?! – Finalmente reconheço a
voz de alguém, é o Miguel, mas porque ele está aqui e com quem ele está
gritando?
-Eu que pergunto o que VOCÊ está fazendo aqui. – Eu começo a
duvidar da minha sanidade mental. – Ouço a voz do Chris encher o ambiente ao
meu redor. Ele parece estar muito irritado. Ele solta a minha mão... – Não, por
favor, fica comigo!
- Cai fora daqui seu almofadinha, EU estava aqui quando ela
tentou se matar porque VOCÊ a abandonou, seu covarde.
- Vai se foder Miguel! Não vou sair de perto dela até ela
acordar e se ela me quiser novamente ao seu lado não será você a me mandar
embora. – Sua voz diminuiu aos poucos, parecia angustiado. – queria que
parassem com isso...
- Seu... – A porta abriu novamente e uma voz de mulher
interrompeu o Miguel, ela repreendeu os dois.
- Façam silencio, por favor, aqui é um ambiente para
repouso, se não se comportarem chamarei os seguranças.
- É melhor tomar cuidado com o que vai fazer seu panaca, ela
já sofreu o suficiente por uma vida toda...
-Isso não é seu problema, idiota – Depois disso ouço a porta
bater com muita força e logo em seguida um suspiro de frustração... – Ele pegou
novamente minha mão, senti uma onda de felicidade cruzando por todo meu corpo,
mas logo se transformou em medo. E se ele for embora novamente? Mas ele disse que iria me esperar acordar...
- Gatinha acorda, por favor... Precisamos tanto conversar...
As crianças estão sentindo sua falta... E eu também... Sua frase terminou aos
soluços, ele estava chorando. – Que droga, porque eu não consigo falar com ele?