quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Lembranças, Parte 02

- Eu não era ruim! Lembra o que aconteceu? – No outro dia as nossas mães disseram que precisavam muito conversar e saíram juntas e eu como o mais velho e mais responsável fiquei de babá ainda aguentando seu mau humor que piorou quando a titia te obrigou a fazer um trabalho que você precisava entregar para compensar sua nota de história. Só parou de reclamar depois que comecei a te ajudar e quando voltava com seu blá, blá, blá eu fingia que não te ouvia, só balançava a cabeça e graças a isso você ficou sociável. Nunca gostou de ser ignorada, não é?
- Não, e quem gosta? Fiz uma careta ao pensar no assunto.




- Depois desse dia ficamos amigos e você começou a me convencer a participar das suas travessuras. Não entendia porque eu me deixava ser manipulado de tal forma e fazer todas as suas vontades. Deveria te odiar por ter me metido em tantas enrascadas em apenas quinze dias eu levei 90% de todas as broncas de toda a minha vida.
- Não foram tantas assim...



Teve o dia que me convenceu a sair escondido de madrugada para soltar bombinhas em uma ruína da cidade e adivinha quem saiu mal na historia?
- Você não sabia se divertir.
- Eu sabia sim, diversão não tem nada a ver com vandalismo e foi isso que você fez aquele dia...




 “- Vai explodir, corre Patrizio, corre”! Você saiu em disparada para o lado errado e eu tentei te seguir, mas não sei onde você tinha escondido e corri pra casa, afinal você já sabia o caminho.
Acabei preso porque sua mãe havia acionado a policia e reclamou sobre o nosso sumiço. De brinde levei uma bronca da titia.
- “Onde levou minha filha?! Cadê ela? Ela não pode ficar sozinha por ai até essa hora Patrizio!”.
- Nunca senti tanta raiva de você... Por sua causa levei mais broncas naquela semana do que em todo resto da minha vida - ele voltou a reclamar.



- Quando cheguei toda feliz por ter conseguido voltar pra casa e me esconder da polícia vocês me esperavam sentados no sofá e pela cara que a mamãe fez eu mudei minha feição rapidamente. Sabia que teria que arcar com as consequências.
- “Esta encrencada mocinha, suba agora para seu quarto e amanhã eu a Silvia vamos decidir um castigo para os dois” – O olhar que o meu primo lançou não era dos melhores, ele estava bravo comigo.
O castigo foi pra eu sair somente acompanhada pela mamãe e agora ela fazia questão de conferir se portas e janelas estavam trancadas antes de dormir e o Patrizio foi proibido de estar comigo novamente, pelo menos não pra ficarmos sozinhos sem um adulto por perto, mas ele não fez questão de aparecer mais. – O que já estava ruim de aguentar ficou pior.





quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Monte Vista - Parte IV - Lembranças, Parte 01

Meu pensamento voou longe ao relembrar da mesma cena cerca de 10 anos atrás quando eu estava visitando Monte Vista com a mamãe. Em um dia de sol o Patrizio me levou para passear pela cidade e parei em frente ao um depósito abandonado para ver uma flor.
- Olha Patrizio que linda! E cheirosa... - conclui ao pegar a flor para cheirar.
- É uma cravínea prima, realmente uma das flores mais perfumadas e também difícil de achar. Estamos longe é melhor voltarmos para casa.
- Não estou com pressa a minha mãe vai me dar outro sermão se eu demorar, mas não me importo.




 De repente o tempo fechou e uma tempestade de verão formou do nada o que nos obrigou a correr e entrar no depósito.
- Ficou muito molhada? - ele preocupou-se comigo - era realmente muito gentil da parte dele.
- Tudo bem Patrizio só molhou um pouco.  - Ele me puxou para um abraço eu o senti um tanto estranho, pareceu nervoso.
- Eu queria falar com você... - ele puxou assunto depois de algum tempo ali me olhando e quando eu achava que ele iria falar o meu celular tocou. - O que isso? Que barulho é esse? ele perguntou confuso afastando-se de mim.
- Meu telefone, eu não acredito que ele pegou aqui! É um milagre. Olhei no visor do meu celular, que naquela época poucos possuíam, lembrei que precisei fazer um drama daqueles pra conseguir com que a mamãe comprasse um pra mim. - era meu namorado. - Alex! - exclamei empolgada e prestava tanta atenção nele que ignorei meu primo.




Voltei à realidade e ele me olhava, parecia esperar uma reação minha.
- Foi no dia da tempestade, não é? Você iria me falar alguma coisa e o meu telefone tocou.
- Nunca senti tanta raiva do to tal "Alex" era o nome dele, não é? - Disse fazendo pouco caso do nome do Alexander - Aquela raiva durou por meses - E sorriu.
- Desculpe – Disse sem graça. – Por incrível que pareça aquela foi a única vez que eu consegui falar com o Alex durante aquela viagem.




- Deixa isso pra lá nós éramos adolescentes tolos, mas sabe do que eu me lembro? Da primeira vez que eu te vi. Detestei você a primeira vista - ele disse rindo.
- Fala isso na minha cara?
- Você me tratou muito mal, lembra? "Que lugar feio é esse mamãe?" "Eu não quero ficar aqui" – “Quem é esse menino esquisito?” – e ele continuava zombando da minha voz – E a tia com toda sua paciência tentava contornar sua falta de educação.
- Eu tinha combinado com o Alex que ir pra Sunset Valley, eu estava revoltada.
- Na verdade você era uma menina muito chata e mimada. Assuma!
- Talvez um pouco... E talvez ainda seja... Então você esta me ofendendo – Claro que pelo meu tom de voz ele sabia que eu estava brincando.




- Ouvir a verdade sempre é bom. Pior foi depois que você chorou como um bebê fazendo manha tentando com sua chantagem emocional convencer a titia a voltar para Bridgeport. Para o seu azar ela te conhecia bem demais e não deu certo. - Agora foi minha vez de rir, ele realmente lembrava-se de tudo.
- Já era meu lado atriz dando sinal de vida, porém não deu certo, mas eu tentei.
- Confesso que no momento eu abaixei a cabeça para rir da sua cara, e do seu fracasso na tentativa.
- Patrizio! Como você era ruim! 




sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Monte Vista - Parte III

Nem deu tempo para o segundo passo a Alice se contorceu em meus braços pedindo para descer.
- Que foi filha?
- Ali mamãe! Quero pegar um... – E saiu correndo em direção às árvores
- Alice, volta pra cá agora – O Miguel ordenou, mas com ela isso não funciona e ela continuou a correr – Já vi que vai dar trabalho principalmente para o papai quando crescer.
- Pode deixar que eu tomo conta dela – Bianca se ofereceu para cuidar e segurou sua mão. 



- Não precisa ficar preocupados, Bianca não deixará que nada aconteça com ela. Apesar da idade é uma menina muito responsável – Uma mulher com uma voz suave tinha se aproximado e nem tinha notado. – Muito prazer eu sou Isabella, esse é meu filho Antônio. Patrizio você já conhece, é claro.
- Eu sou Andrea, meu marido Miguel, o pequeno Heitor e a fujona ali é a Alice.
- Prazer – o Miguel disse com a aparência aflita – desculpe, mas tem certeza que a Bianca vai conseguir controlar a Alice?
- Ela consegue controlar o Antônio e ele ao contrário do que está demonstrando aqui é terrível, só está um pouco envergonhado, mas espere até ele voltar ao normal pra ver.



Meu primo finalmente manifestou-se e veio em minha direção.
- Como vai Andrea? – Perguntou educadamente com uma voz mais grave que eu me recordava na nossa adolescência. – É um enorme prazer receber você e sua família em minha casa – e me cumprimentou com um suave beijo na mão.
- Adoramos o convite para vir a sua casa Patrizio. Estou muito feliz em poder conhecer o restante da família.
- Peço que se sintam em casa – e estendeu o braço nos convidando a entrar.



Perguntei se não se incomodavam de eu olhar um pouco mais aqui fora, a Isabella desculpou-se porque precisava ir até a cozinha ou comeríamos carvão de sobremesa e o Miguel já estava com o braço cansado de carregar o Heitor que havia dormido. Patrizio disse onde ficava o quarto das crianças e o Miguel foi deixar o Heitor dormir sossegado.
- Não deu tempo de conhecer este lado da cidade quando veio, não é? – Patrizio disse rindo ao notar minha cara que deveria estar com um ponto de interrogação. – Não estava lembrada de nada, como é possível? Eu só lembro que era uma casa no centro da cidade que minha mãe alugava para eles não ter que me aturar quando era adolescente.
- Tem razão, parece que eu não tive tempo.



 Enquanto esperava o Miguel voltar eu comecei a notar que não são apenas os animais que existe em abundância na região, mas as flores no geral. Abaixei para pegar uma linda flor que tinha ali ao meu lado.
- Havia me esquecido de como era perfumada essa flor.
- Tem razão, é a mais perfumada de todas. Você fazendo isso me fez lembrar quando veio para cá. – Ele sorriu de novo e o jeito que me olhava... Isso sim me fez lembrar algumas coisas de quando visitei este lugar. 




domingo, 13 de janeiro de 2013

Monte Vista - Parte II

No outro dia acordamos mais tarde que o habitual com a claridade invadindo o quarto junto com uma brisa tão agradável – fazia tempo que não dormia tão bem, talvez pelo silêncio do local. – Por falar em barulho eu não conseguia ouvir nenhum – o que é estranho em uma casa com crianças, diga-se de passagem – levantei rapidamente e vesti a primeira roupa que achei na gaveta e corri para ver se eles estavam bem.
Quando entrei no quarto a Alice já estava brincando e o Heitor quietinho no colo da Ami.
- Não precisa preocupar-se senhora. Os dois já estão limpos e alimentados.
- Obrigada.
- O seu desjejum e do senhor Luca já está pronto também, devo servir?


- Espere uns cinco minutos até eu me vestir e lavar meu rosto. – Ela ia saindo e voltou para dar as noticias.
- O senhor Fabrizio Montez ligou logo cedo antes de ir trabalhar, mas a senhora estava dormindo, ligou a pedido da sua filha, a pequena Bianca, que insistiu muitas vezes para que a lembrasse do almoço hoje em sua casa já que ela ainda não acredita que é mesmo sua prima.
- Então tenho uma fã mirim por aqui? Que gracinha 


 O resto da manhã eu fiquei decidindo o que iria vestir – pra variar – e para arrumar meu cabelo, fazer a maquiagem... Não queria chegar para a minha família toda produzida como uma artista da TV metida e inatingível, pelo contrário eu iria tentar parecer o mais natural possível.
Enquanto eu terminava de dar a última checada o Miguel já havia se arrumado, descido com a Alice e voltou para me apressar. Acho que tinha conseguido um meio termo.
- Está linda, mas essa roupa não é muito decotada não? – Engraçado foi a cara de analise que ele fez antes de fazer a pergunta.
- Não Miguel, está perfeito para sair com meu marido e não vou trocar. – E desci na frente.


Entramos no carro e eu pensava que era ali mesmo no centro, mas o carro atravessou toda a cidade e pegou uma rua de terra um pouco esburacada e depois de alguns minutos logo avistamos uma casa bem mais modesta do que estamos hospedados, com várias flores, árvores, uma horta e muito, mas muuuuito espaço mesmo disponível. Adorei o lugar.
Assim que descemos do carro pude sentir o vento que trazia com ele aquele cheiro fresquinho e delicado de uma mistura perfeita de mato e terra nada parecido com Bridgeport.


Quando comecei ir em direção a casa notei uma menina parada parecia em estado de choque me observando com a mão na boca como se não acreditasse no que via. – sorri para ela e continuei em sua direção.
- Você é a minha pequena prima Bianca, certo? – Ela apenas balançou a cabeça positivamente e só assim piscou. Depois olhou para a Alice em meu colo, para o Miguel e Heitor que vinham logo atrás.
- Entrem, por favor – ela disse educadamente e em seguida não aguentou e soltou um grito – Papai, mamãe!! Eles chegaram!






segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Monte Vista - Parte I

 Um táxi nos aguardava no aeroporto e nos levou até o endereço da casa onde iremos ficar que não era muito longe dali.
Eu olhei para a entrada e para todos os lados tentando ter alguma que me fizesse lembrar-se deste lugar.
- Casinha modesta heim? – O Miguel soltou a piadinha depois de observar por fora os quatro andares da casa.
- Não estou lembrada desse lugar, não deve ser aqui que fiquei com a minha mãe quando vim pra cá.
- Deve ser porque sempre estava ocupada com seu primo.
- Poderia até ser, se um dia eu tivesse dado algum beijo nele. Eu te enganei!! Hahaha


- Vai ter troco só pra deixar de ser engraçadinha – ameaçou em tom de brincadeira. – Fomos até a porta que por sinal estava destrancada e quando entramos ouvimos um barulho vindo lá de cima.
- Olá?! – e fiquei esperando alguma resposta, e logo apareceu uma mulher uniformizada de preto que logo veio ao nosso encontro.
- Senhora Andréa Montez, me desculpe por fazê-la esperar, estava cuidando dos últimos detalhes antes da chegada de vocês. – Meu nome é Ami e serei sua governanta durante sua estadia nesta casa.
- Este é meu marido Miguel e nossos filhos Heitor e Alice.
- Linda família senhora,é um prazer conhece-los pessoalmente. -  agora gostaria que eu lhes mostrasse seus aposentos?


- Claro e poderia depois arrumar alguma coisa para comermos? E sobre a minha família? Falaram se eles depois vêm pra cá ou vamos nos encontrar em algum lugar? Falta de comunicação é tudo entre nós.
- O Almoço já está pronto senhora e deixaram um recado com o endereço e telefone do Sr. Patrizio em cima do criado mudo em seu quarto senhora.
- Obrigada Ami. 


Primeiro entramos na suíte que arrumaram para as crianças propositalmente ao lado do nosso e com a decoração dividida menino/menina para que os dois ficassem próximos a nós – já que os outros quartos somente no andar de cima – e com tudo que eles precisariam se necessário. As crianças acabaram dormindo por causa do cansaço da viagem e fomos conhecer o meu quarto e ler bilhete.
“- Querida prima espero que estejam satisfeitos com as acomodações, desculpe-me pela ausência na recepção da sua chegada. Espero que possam vir a minha casa amanhã para um almoço informal para que conheça minha família, abraços Pratrizio” – Embaixo o endereço e o numero de telefone da sua casa como Ami havia falado.




Ainda tentei ligar, mas ninguém atendeu. Deveria estar trabalhando. Então fomos explorar a casa e chegamos até a única e pequena sacada no quarto andar que tem uma vista para alguns pontos da cidade entre eles não dava para deixar de notar que é o hospital da cidade graças a sua enorme placa vermelha com sua cruz branca, uma piscina enorme e o que parece ser parques locais. – Depois poderíamos levar as crianças para um passeio, mas nosso corpo agora só precisava relaxar um pouco, talvez um banho de espumas ajudasse com isso.  



quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A carta

A ideia da festa acabou sendo um fiasco não tive como negar um pedido do meu amigo Peter em tentar uma reconciliação com minha amiga Sam – para ler sobre isso clique aqui – o que eu consegui com isso foi:
A Sam brava comigo pelo motivo óbvio e nem me desculpou mesmo depois de tentar consertar meu erro, a Lana brava pela ideia que segundo ela era de jerico, mas na verdade deve ser pelo fato de não ter sido convidada depois de saber da quantia de homens lindos (e de sunga) que havia ali. – Por falar nisso eu ainda tenho que ter uma conversinha com a Sam pela cantada que deu no meu marido, ela vai ver só...


No outro dia logo pela manhã eu no meio da correspondência uma carta de um remetente desconhecido, mas a cidade não era estranha. Quando eu era criança mamãe recebia com frequência muitas cartas de Monte Vista e até já havia passado um verão lá quando era adolescente. Lembrava que minha avó morava lá, mas depois de sua morte nunca mais fiquei sabendo noticia alguma.
Quando abri outra surpresa, estava sendo convidada com minha família para uma reunião dos Montez para a leitura do testamento de uma tia avó.



- Ei Miguel! Onde você está? – Entrei empolgada pela casa
- Aqui estou indo fazer uma vitamina pra Alice, vai querer também?
- Recebi uma carta Mi, estão nos convidando para ir até Monte Vista para a leitura de um testamento daqui a três dias, melhor começar a arrumar nossas malas.
Não sei se vou conseguir ir assim de última hora um afastamento para viajar, acho que vai ter que ir sozinha dessa vez, se incomoda? ?


 - Não, de forma alguma... Meu primo ficou a disposição para me mostrar como a cidade está mudada e até mesmo os lugares mais distantes e abandonados e principalmente os novos bares da cidade que são muito divertidos.
- Primo? Que história é essa de primo?
- Minha família é maior do que me lembrava, mas não da para esquecer o Patrizio... – Eu ri para continuar a provocação. Se não estou enganada foi com ele que deixei de ser BV – Missão cumprida! Sem muito esforço e mais rápido do que imaginava eu consegui convencer ele de ir.